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On The Track

A Cultura do “Hype” e o Efeito da Superficialidade na Música Contemporânea

Postado em:

 12-09-2024, 11:07

Por:

Mago das Pistas

Postado em:

 12-09-2024, 11:07

Por:

Mago das Pistas

Nos últimos anos, uma tendência que tem dominado o mundo da música é a cultura do “hype”. Ela gira em torno de artistas e lançamentos que recebem uma atenção desproporcional, muitas vezes sem respaldo em qualidade musical. O fenômeno é impulsionado por redes sociais, algoritmos de streaming e uma incessante necessidade de novidades. A questão central é: essa cultura do hype está empobrecendo a música contemporânea?

Muitos lançamentos são promovidos não pela originalidade ou profundidade musical, mas por estratégias de marketing. Os artistas viram produtos de consumo imediato, com carreiras muitas vezes efêmeras, construídas em torno de tendências visuais, memes ou polêmicas pessoais, em vez de talento e criatividade musical. Um exemplo claro é como o TikTok tem se tornado um dos maiores influenciadores na popularidade de músicas, onde trechos virais de 15 segundos se tornam mais importantes que a música como um todo.

Isso não é um ataque à plataforma em si, mas sim à maneira como esse fenômeno está mudando a forma como consumimos música. Canções são criadas para se adaptarem a esses trechos curtos e virais, muitas vezes resultando em músicas desprovidas de complexidade ou evolução. Artistas que poderiam explorar novos caminhos musicais se veem pressionados a seguir fórmulas seguras, produzindo hits rápidos e repetitivos. É como se a música estivesse se moldando a uma cultura de gratificação instantânea.

Outro ponto é que essa cultura do “hype” afeta diretamente a longevidade artística. Enquanto alguns músicos conseguem manter relevância ao se reinventar, muitos outros desaparecem tão rapidamente quanto surgiram. Isso é prejudicial não apenas para os próprios artistas, mas para os ouvintes, que acabam consumindo uma música descartável, sem vínculo emocional ou duradouro.

Artistas icônicos do passado, como David Bowie ou Prince, tiveram espaço para errar, experimentar e crescer ao longo de suas carreiras, algo que parece cada vez mais difícil na era do hype. A indústria não oferece o mesmo suporte para o desenvolvimento de carreiras longas, onde o artista pode evoluir e desafiar expectativas.

Claro, há exceções. Artistas como Kendrick Lamar, Billie Eilish e Rosalía conseguiram usar o hype de forma inteligente, sem sacrificar a qualidade artística. Mas são casos raros, especialmente em um cenário musical saturado por algoritmos que priorizam o que é viral, não o que é significativo.

A cultura do hype, com seu foco em popularidade e números, ameaça transformar a música em uma mercadoria descartável. É hora de refletir se estamos trocando profundidade por superficialidade, e se estamos permitindo que a arte seja moldada por tendências passageiras em vez de inovação genuína.